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7 de janeiro de 2024
Poema do Dia do Professor
15 de outubro de 2020
Eu sou professor
Por oportunidade e necessidade
Profissional do saber e da educação
Não por falta de opção
Mas como explicar por que essa área não é tão almejada?
A educação para os governantes continua abandonada.
Vamos colocar qualquer um
Não importa quem cuida dessa empreitada
E assim os professores acumulam o descaso
Com o seu conhecimento e importância por parte do Estado.
Profissionais do conhecimento e da transformação
Professores merecem reconhecimento
Por tudo que fazem pela educação
É impossível desconsiderar
Que o amor está ligado a arte de ensinar.
Mas nem sempre é o motivo da escolha pela profissão
Há determinantes sociais que influenciam a decisão
Lembram que antes só existia professor?
E agora há mais professoras?
Por que será que o magistério foi feminizado?
É, sem dúvidas, fruto de políticas capitalistas do Estado
E nesse aspecto
É bom relembrar
Professor é um ser complexo e diverso
Tem sexo, gênero, sexualidade, raça, geração...
E outras marcas construídas no processo de educação...
Ele é formado pela cultura.
Pode reproduzir
Também pode transformar
Por isso é importante sempre repensar
Qual é o seu papel?
E que de lado está?
É humano.
É gente.
É igual e diferente.
Professor é autor, escritor, produtor.
Ele aprende enquanto ensina
Entra em sala não só com a mente.
Seu corpo também se faz presente.
Afinal é gente como a gente
Reconstrói sempre suas identidades
E se torna cada dia melhor por conta da sua força de vontade
É claro que eu e você
Como professores que somos
Precisamos sempre aprender.
Precisamos nos aprimorar
Mas também precisamos superar
A visão que construíram sobre a gente
Parece que a todo momento
Precisamos de atenção
Apontam a nossa má formação
Para querer nos controlar
Para fazer reformas que não nos tiram desse lugar
De humilhação e inferiorização
Que construíram para gente ao longo da história da educação
Os conservadorismos estão em todo lugar
Querem nos limitar
Dizer o que precisamos e não precisamos ensinar
Mas esquecem o quão sagrado e político é a ato de ensinar
Professores resistem a qualquer censura e repressão
E qualquer preconceito e discriminação
Que não reconhece o que são
Produtores e socializadores do conhecimento
Pessoas que provocam aprendizados.
Sujeitos historicamente ocultados
Hoje afirmam que não serão mais desvalorizados
Em busca da emancipação
Fazem da sua liberdade de cátedra
Espaço de luta pela educação
Buscam garantir o direito à educação
Historicamente negado
E resistem a todos os processos que nos colocam de lado.
Tutor, professor, mediador, facilitador,
Pai, mãe, responsável,
Supervisor, diretor, inspetor, monitor e orientador
É tudo educador
Com dificuldades e facilidades
Fazem educação com muita criatividade
Mas de todos os educadores
O professor merece ser valorizado
Porque ele não é tio e nem tia
Paulo Freire já dizia.
Mais que família
É cidadão e profissional compromissado
Escolheu a educação por motivos variados
Formou e continua em formação
Aprendeu que seu ofício se faz na ação.
Criam atividades
Planejamentos e metodologias
Corrigem trabalhos
São tantas tarefas
E muitos ainda pensam que são despreparados!
E agora nessa pandemia?
Mostraram que são o que muitos não percebiam
Capazes de aprender, superar e vencer
O ensino remoto está aí para dizer
Não está sendo fácil
Mas o esforço dos mestres não deve ser desprivilegiado
Ao elaborar mais atividades com as tecnologias
Reforçaram que vencem todos os dias
Parece que a sociedade entendeu
A importância desse profissional
Que isso permaneça sempre atual
Família e escola são as bases da sociedade
Mas não se esqueça que o professor estudou
Fez cursos e se qualificou
Ele é um profissional formado
Valorize seu saber e sua experiência
Isso é extremamente necessário
Quero aqui registrar o meu agradecimento
A todos os profissionais da educação
Colegas de profissão
Vocês mantém a esperança
De um mundo mais justo e democrático
De uma escola que seja para todos
E não apenas para privilegiados
Vocês são os responsáveis
Pela educação da sociedade
Vocês não formam mão de obra
Vocês constroem a “Obra”
Pessoas integrais, sábias e críticas
Capazes de humanizar pelo resto da sua vida.
Capazes de perceber as injustiças sociais
Capazes de se indignar
De agir e de transformar
Mudar a realidade a sua volta
Obrigado professor.
Parabenizo você pelo seu dia
Escrevi no masculino por uma questão de rima
Mas em todos os versos
Estão presentes as professoras
Essas guerreiras de duplas e triplas jornadas
Que sempre imprimem competência
Em todos os seus gestos e falas
Ainda não acabei
É importante reforçar
Professor não é “aulista” como o governo quer colocar.
Mais que transmissores do conhecimento
São pessoas comprometidas com a aprendizagem ao longo da vida
Mais que buscar resultados nas avaliações em larga escala
Professores reconhecem o valor das vidas precarizadas
E fazem da sua ação uma forma de superação
Das Pedagogias da Marginalidade e da Exclusão
Presentes nesse mundão
É necessário reconhecer as presenças afirmativas
Que chegam à escola exigindo cidadania
Por isso o professor foca sempre nos educandos
Historicamente ignorados
Pelas políticas do Estado
Preocupadas mais com o financiamento esquecem o principal:
Prestar mais atenção nos sujeitos/protagonistas da educação
Por isso lutar pela educação
Tem sido quase uma transgressão
Mas a luta sempre se renova
Não se acomoda
Graças a ousadia desses profissionais do saber e da vida
Estagiários da vida e eternos aprendizes da profissão
Obrigado por tudo que fazem pela educação
Vocês são sem dúvida a esperança que ainda resta
Viva o professor
Viva a professora
Vida longa aos mestres e às mestras!
Cleverson Domingos
15/10/2020
Se acha e desarma
13 de outubro de 2020
Achar
Achismo
Acho sempre alguém
Querendo bancar o sabido
Quem pensa que achar é incorreto ou achismo
Se acha e parece ser mais esquisito!
Deveria se preocupar com outra coisa
Ao invés de ficar corrigindo o amigo
A fala que considera
A expressão “eu acho” como menos correta
Não imagina que nela
Um preconceito se instala
Quer se colocar como sabido
Rebaixando o amigo
Como se todos devessem usar a língua na forma do erudito
Mas achar além de encontrar, descobrir e procurar
É também supor, pensar e opinar
E mais outras coisas que eu não acho agora para falar
Presta atenção meu amigo.
Da próxima vez...
Não repita esse tipo de preconceito linguístico.
Os acadêmicos são os principais!
Acham que só porque estão na academia
Sabem mais
Mas há aqueles que desconstruíram esse preconceito linguístico
E entenderam que valorizar o popular e o senso comum
Também pode ser parte do conhecimento científico.
Se você quer falar erudito
Fica a seu critério meu amigo
Mas não venha querer consertar o que certo também está
Aliás, certo não.
Em matéria de língua predomina a variação!
Deveríamos é valorizar a nossa riqueza linguística
E evitar pensar em certo e errado para se referir a língua.
É claro que existe a norma culta
Mas também há a coloquial
Use sempre quando for necessário...
E não se sentir acuado
O importante é não deixar de abusar das possibilidades da língua.
Use e abuse dos vocábulos...
E venha cá...
Pare de ser chato.
Agora eu me despeço
E espero que eu não tenha que repetir mais esse verso.
Ache o que quiser
Mas eu continuo achando que se você continuar...
É um Zé Mané.
Pense bem bonito.
Não creio que você não entendeu
Esse meu verso bem dito.
Até mais
Fica em paz...
Te vejo no próximo poema meu rapaz
Cleverson Domingos
12/10/2020
*****
Ocorrências do verbo achar
·Achar1: [sn achar sn]: verbo pleno = descobrir; tentar encontrar; procurar
·Achar2: [sn achar que] [sn]: verbo pleno performativo-modalizador = opinar
·Achar2’: [sn achar o Sadj]: verbo pleno performativo-modalizador, forma reduzida de achar2
· Achar3: [sn achar] [que S]: verbo modalizador epistêmico = supor
· Achar4: [S] achar; achar [S]; [S]achar[S]: elemento modalizador que tem o comportamento semelhante ao dos advérbios modalizadores epistêmicos quase-asseverativos talvez, provavelmente
REFERÊNCIAS
SANTOS, Gabriela Loureiro dos; FONSECA, Ludmila; PEREIRA, Meiriele Cruz Pereira. A gramaticalização do verbo achar no português do Brasil sob um ponto de vista diacrônico. Revele: Revista Virtual dos Estudantes de Letras. Disponível em: <http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/revele/article/download/4351/4165>. Acesso em: 12 out. 2020.