Censura ou construção da igualdade racial?

9 de novembro de 2010

Normatiza do CNE, “censura” e estratégias diversionistas: a questão do negro no livro didático, paradidático e infanto-juvenil
 

Nos últimos dias, fomos “assaltados” mais uma vez pela mídia, que, em parte, vive de escândalos e da descrição de uma realidade sem, às vezes, fazer uma crítica mais rigorosa e sistemática. O assunto do momento é, como gostam de colocar, a “censura” do Livro “Caçadas de Pedrinho”. O referido livro foi apontado pelo parecer do Conselho Nacional de Educação, órgão colegiado ao Ministério da Educação, como uma obra que contém trechos considerados racistas. A partir disso, a discussão tomou âmbito nacional e pude acompanhar alguns fóruns de comunidades no orkut e no próprio fórum do meu curso de especialização, que está discutindo “educação das relações étnicorraciais”. 

O assunto em torno do livro do livro do Monteiro Lobato é interessante, polêmico e pertinente! Como qualquer cidadão, devemos nos posicionar perante a realidade e fazer a nossa escolha. Acredito que é com esses temas (e com essa discussão) que (pelo menos) mobilizamos nossos pensamentos e começamos a nos questionar das nossas próprias escolhas, das nossas próprias opiniões e podemos também adotar um comportamento diante disso.

Por isso, questiono:  Qual a importância de discutir raça/etnia? Qual o papel da educação infantil e do ensino fundamental? Qual a importância das histórias infanto-juvenis? Essas são algumas perguntas que devem permeiar esse debate em torno do livro do Monteiro Lobato. Eu, particularmente, acredito que precisamos nos posicionar diante das teorias, fatos, ideias, conjecturas, etc. Penso que a educação não é neutra, quer queira quer não. Portanto, a educação é política. Nossos atos estão “impregnados” de valores, concepções, etc. Nossa ação é intencional, quer tenhamos consciência disso ou não. A própria escolarização formal caracteriza-se por uma intervenção sistemática, intencional e rigorosa que tem por objetivo, dentre outras coisas, “disciplinar” o sujeito. Conhece para governar é o grande lema! Enfim, precisamos nos posicionar e o não posicionamento é um posicionamento!

Sendo assim, considerei que, quando vamos discutir esse assunto, mobilizamos uma estratégia “diversionista”, nos termos do Junqueira (2009, p. 181, grifos e acréscimos meus), que é um tipo de estratégia que

“[...] aproxima-se da negação interpretativa, mas dela se distingue porque aqui o interlocutor, ao admitir a homofobia [e o racismo], exibe maior preocupação em introduzir novos problemas, apresentar argumentos fantasiosos e discutir aspectos nitidamente escapistas ou pouco relevantes, procurando dar novo rumo à discussão”.

Isso se verifica ao colocar Monteiro Lobato como “um clássico” e desconsiderar a problematização da questão que é no fundo discutir o racismo no livro didático, paradidático e infanto-juvenil, mas também questionar sobre quais livros são apropriados para todas as crianças. Aqui também pode entrar outra estratégia diversionista, qual seja: “qual é a idade adequada para as crianças saberem sobre racismo?”

Temos que lembrar sempre da História. E, nesse sentido, temos que reconhecer que “[...] começa-se a desenvolver uma preocupação com o negro no livro didático e paradidático no Brasil em 1950 [...] (NEGRÃO, 1988 apud SOUSA, 2001, p. 195). Como nos alerta Ribeiro (1996, p. 172 apud SOUSA, 2001, p. 195), a literatura infantil, didática e paradidática

[...] está carregadíssima de exemplos lamentáveis. Para a construção de um autoconceito favorável, é preciso que o ideal de ego não se mostre irrealizável, e fundamental para isso é o resgate da beleza, poder e dignidade das diversas etnias africanas. À criança afro-brasileira falta o modelo de Belo Negro.

Diante disso, o problema, é que nem todos(as) os(as) professores(as) tem “conhecimentos e competências necessárias” (quais são os conhecimentos e competências necessárias? Isso também gera outra discussão!) para trabalhar o racismo em uma literatura infanto-juvenil. Considerando isso, é mais fácil que o racismo seja realmente “introjetado” pelas crianças e a discussão passe sem a devida intervenção com a voz entoada dos contos de fadas. É possível também, por meio dessa literatura, reforçar e legitimar estereótipos e incentivar “apelidos” por parte dessas crianças! A questão é, repito, quais livros são indicados para as crianças lerem? Por que livros sobre sexo não são indicados, mas livros sobre racismo o são?

Eu, particularmente, por um lado, acredito que as histórias de discriminação não devem ser excluídas dos livros, materiais, mídia, etc., mas elas devem ser “o foco” principal da história e não estarem nas entrelinhas, como podemos notar na obra de Monteiro Lobato. Adjetivações, comparações e afirmações, como as que ele usa “nem Tia Nastácia, que tem carne negra (escapou)”, geralmente, são feitas nos finais de frases e discursos e são “aceitas” como “verdadeiras” pelos(as) professores(as) e pelas crianças.

Monteiro Lobato representou uma tendência na literatura infanto-juvenil que já está superada. Outros(as) autores(as) desde 1980, a exemplo Ziraldo, que foi “inovador” para época ao escrever “O menino marrom”, embora usando essa expressão eufemística, estão constituindo uma nova geração da literatura infanto-juvenil no Brasil. Uma literatura da beleza de todas as identidades. Uma literatura que não se limita a ver o(a) negro(a) restrito às atividades domésticas e aos cuidados dos filhos, como a Tia Nastácia. Uma literatura que tem objetivo de construir um novo imaginário social, um processo de construção da identidade menos negativo e menos traumático,

[...] pois as imagens que moram em nossas mentes desde a infância influenciam nossos pensamentos durante a vida e podem contribuir (se não forem estereotipadas, inferiorizadas) para a auto-estima e aceitabilidade das diferenças, visando uma vida adulta feliz. Para isso essas imagens precisam mostrar nossa “cara”, força e cultura a todos. Dessa forma, possivelmente, os gestos e as atitudes dos seres humanos serão mais éticos, justos, menos etnocêntricos, plurais, enfim, democráticos (SOUSA, 2001, p. 1996).
Nesse sentido, considerando o histórico das lutas do(s) movimento(s) negro(s) e a política de construção de currículos que recriminem o racismo e promovam a igualdade racial, considero que é fundamental não utilizar a referida obra na escola, como forma de mostrar que os valores atuais que precisamos incentivar são outros. Se os pais quiserem comprá-la que o façam.

Outra estratégia “diversionista” é situar o parecer do Conselho Nacional de Educação como uma “censura”. Essa é uma estratégia discursiva que está sendo usada a favor da reprodução dos estereótipos, preconceitos e discriminações contra diversos grupos historicamente excluídos. Tentam justificar que a “liberdade de expressão” está sendo “violada”. Que vivemos em uma censura “moderna/velada”. Não vamos cair nesses discursos apelativos que só defendem a posição de privilégio que eles ocupam. Estamos falando de “seleção de conteúdos” que é tarefa realizada diariamente pela escola, pelos(as) professores(as) e pela política educacional. Não estamos falando de “censura”. O livro jamais será censurado. Ele só não será escolhido como parte do Programa Nacional de Bibliotecas Escolares. E os novos escritores(as), onde estão? Por que Lobato é sempre escolhido como referência? Por que ele é “clássico”? Por que não incentivam e financiam a criação de outras obras proporcionando novas visões e lançando novos(as) escritores(as)? São essas perguntas que também devemos fazer!

Até capacitar todos(as) os(as) professores(as) para lidar com o racismo e identificá-lo no livro didático, paradidático ou infanto-juvenil vamos demorar muito. Uma mudança rápida é não deixar essa obra entrar nas escolas. Mas aí dirão: “não tomar contato com obras de cunho racista, não vai acabar o preconceito, o preconceito não vai deixar de existir”. É, por isso, que precisamos também imediatamente propor a inclusão de obras valorativas e também questionadoras do racismo.

No fim, outra questão que está permeando os debates atuais sobre essa “normativa” do Conselho Nacional de Educação é que o documento estabelece a exclusão de obras de cunho racista, sexista e homofóbico, mas não determina a inclusão de conteúdos valorativos sobre a história da cultura africana e afro-brasileira, a história e cultura indígena, história da luta das mulheres e dos(as) homossexuais. Eu tive contato com essa ideia no Encontro Nacional Universitário da Diversidade Sexual, na Unicamp, no começo do mês de outubro de 2010. Só pontuando a questão de gênero e sexualidade, o Felipe F. Moreira, que apresentou o artigo Escola e sociabilidade*: as entrelinhas discursivas nos livros didáticos, demonstrou o quão “técnico” e “naturalizante” ainda é a abordagem sobre sexualidade nos livros de ciência que vão para as escolas em 2011 após passarem por essa análise de especialistas do MEC ou do CNE para o Plano Nacional do Livro Didático. Ou seja, quem são esses/as especialistas que avaliam esses livros?
É claro que tudo vai depender da condução pedagógica e da visão do(a) professor(a)! Histórias de discriminação servem para problematizar uma realidade, desde que tenhamos consciência dessa tarefa educadora! Histórias de superação servem para mostrar que, mesmo diante das adversidades, é possível ser feliz, ter amigos, construir um autoconceito positivo, por exemplo. Histórias de valorização servem para possibilitar um processo positivo de construção identitária em relação a gênero, raça e sexualidade!

Portanto, já saibam: se for discutir literatura infanto-juvenil e Monteiro Lobato, não deixe de comentar as passagens racistas nas entrelinhas dos seus contos. Não podemos deixar de explorar as possibilidades pedagógicas de todas as histórias! E vamos proliferar as histórias de diferenças!

Como diz Negrão (1990, p. 21 apud SOUSA, 2001, p. 212), “não basta retirar do texto os preconceitos e as discriminações o que já é muito bom, mas criar personagens negras, com sentimentos e vivências próprias”.

Para finalizar, 

“Interessa-nos, especialmente, o educador, o professor que escolhe as obras paradidáticas que serão lidas pelos alunos. Se ele não estiver sensibilizado por essa questão, conhecer os conceitos de raça, etnia, preconceito, discriminação, ler os livros com abordagem diversificadas e positivas, suas atitudes e seu direcionamento da leitura podem acabar reforçando um imaginário estereotipado sobre o negro” (SOUSA, 2001, p. 213)

Referências:

JUNQUEIRA, Rogério. “Aqui não temos gays nem lésbicas”: estratégias discursivas de agentes públicos ante medidas de promoção do reconhecimento da diversidade sexual nas escolas. In: Bagoas: revista de estudos gays. v. 3. n. 4. Natal: EDUFRN, 2009. Disponível em: <http://www.cchla.ufrn.br/bagoas/v03n04bagoas04.pdf>. Acesso em 9 nov. 2010.

SOUSA, Andréia Lisboa. Personagens negros na literatura infanto-juveni: rompendo estereótipos. In: CAVALLEIRO, Eliane (Org.). Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola. São Paulo: Selo Negro, 2001.

Repercussões do ENEM 2010 e como foi a prova!

6 de novembro de 2010




Como foram as provas no primeiro dia do ENEM 2010?

Saí de casa às 12h30min rumo ao Centro de Ensino Médio 03 de Ceilândia-DF, que é uma escola marcante em minha trajetória, onde realizei meu estágio supervisionado curricular em Orientação Educacional. Chegando lá, encontrei um professor de História bem conceituado. Cumprimentei e disse que estaria fazendo a prova para testar meus conhecimentos, embora pretenda utilizá-la para tentar o ingresso em outro curso de graduação.
A prova começou às 13h, em ponto. Fiquei sabendo do atraso de muitos candidatos(as) apenas nas reportagens na mídia. Na Ceilândia-DF, parece que não houve trânsito que atrapalhasse a chegada dos(as) candidatos(as). No entanto, notei o grande “ausência” de candidatos(as). Na minha sala, muitos(as) faltaram. Além do trânsito, outros motivos podem ser elencados, inclusive, a hipótese de ‘descrédito’ do Exame que em 2009 foram furtadas as provas e em 2010 foram divulgados os dados de todos(as) os(as) candidatos(as) pelo sítio do INEP.  
De imediato, gostei que a Prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias era a primeira. A cada questão buscava entender o motivo de estarem questionando sobre aquele assunto. Como fiz o ENEM em 2004, posso dizer que além do aumento do número de questões a prova, além da prova ter substituído os vestibulares tradicionais de algumas universidades públicas, outra mudança notável são as “competências” exigidas e os “eixos cognitivos” de avaliação, enfatizando a importância da “interpretação crítica” da realidade.
A Prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias retrata essa ênfase. As questões buscaram demonstrar, dentre outras coisas, as desigualdades sociais e econômicas, a divisão social do poder, o racismo, a homofobia, a criminalização das práticas culturais de matriz africana como a capoeira foi no passado, a questão sobre (i)mobilidade social, o omissão na História “Oficial” dos trabalhadores que construíram os grandes monumentos históricos, a história e origem do “feijão tropeiro”, as diferenças entre os povos indígenas, os conflitos entre leis de proteção indígena e ambiental e exploração da terra pelo agronegócio, a inteligibilidade negra e a importância do estudo/leitura para libertação das opressões, o surgimento da legislação trabalhista como resultado de lutas e reivindicações dos operários garantindo e preservando seus direitos, a importância da lei como forma de organizar as relações de poder na sociedade, o papel político da música na crítica e denúncia das desigualdades sociais, o papel da televisão nesse mesmo sentido mas também na denúncia da corrupção, a internet como forma de contribuir na democratização da sociedade e possibilitar maior participação social,  o papel da ética para ampliação das liberdades individuais e coletivas e “o sentido coletivo e político das ações humanas individuais”.  
O Blog Pedagogia Queer disponibilizou a imagem da questão da prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias sobre homofobia. Clique aqui para ver como foi elaborada a questão. A importância dada ao posicionamento crítico perante a realidade abarcou até uma questão sobre homofobia. 
Embora seja o conteúdo abordado seja relevante, o cartão de resposta onde eram marcadas as alternativas escolhidas pelo(a) candidato(a) estava em desacordo com a ordem das provas: 1º era Ciências Humanas e depois Ciências da Natureza. No cartão-resposta estava invertida essa ordem, embora a sequência do número das questões permanecesse inalterada. Na minha sala de aula, 30 minutos depois do início da prova, o professor de história, que comentei lá no começo, entrou pedindo licença e disse: “Vocês reparam a prova? (pausa) O cartão de respostas está marcando que a primeira prova é de Ciências da Natureza e a segunda é Humanas. Não preencham o gabarito ainda porque estamos confirmando com a coordenação essa questão”. Depois de uns 30 minutos, ele voltou e orientou que desconsiderássemos os títulos das provas marcados no cartão de respostas e assinalássemos na ordem que apareciam as questões na prova. Suspeito que os  cartões de resposta do ano passado, não impressos, foram utilizados nesse ENEM, pois a ordem da prova de 2009 corresponde a ordem impressa neste cartão de respostas que todos(as) pegaram. 
Como comentei no Twitter, assim como em 2009, considerei o tempo insuficiente para realização da prova em relação à quantidade e extensão das questões. Confesso que houve várias questões da Prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias que fiz com pressa e marquei qualquer alternativa sem reflexão. 
A repercussão do ENEM na mídia e na sociedade como um todo ainda vai durar até amanhã, pelo visto, mas também pode perdurar alguns meses na justiça. A matéria do O Globo diz que o Ministério Público Federal já havia entrado com uma ação antes a respeito da proibição do lápis e agora vai analisar a questão dos cartões de respostas e poderá pedir o cancelamento do exame.  
Daqui a pouco, às 22h30min, a TV Brasil transmitirá para todo o Brasil a correção das questões do ENEM das provas desse sábado (06/11) feita por professores(as) do Sistema COC. Se lhe interessar, assista! Amanhã também tem mais!

Audiências Públicas "Escola sem Homofobia" e "Assassinatos de LGBT"

24 de outubro de 2010

No mês de novembro de 2010, ocorrerão duas audiências públicas importantes: no dia 23, das 13h30min às 18h, a Audiência Pública “Escola sem homofobia” e, no dia 24, das 14 às 17 horas, a Audiência Pública “Assassinatos praticados contra a população LGBT”. Ambas acontecerão na Câmara dos Deputados. Para ver a programação completa das audiências, clique nos links seguintes: Programação Escola sem HomofobiaProgramação Assassinatos praticados contra a população LGBT
Veja o material de divulgação:


Curso Prevenção ao Uso Indevido de Drogas - Inscrições Abertas

21 de outubro de 2010


A partir de hoje, 21 de outubro, até o dia 10 de novembro, estão abertas as inscrições para a 3ª edição do Curso Prevenção ao Uso Indevido de Drogas – Capacitação para Conselheiros e Lideranças Comunitárias, promovido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, em parceria com o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), do Ministério da Justiça.
O Curso será executado pela Secretaria de Educação a Distância (SEaD) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio da modalidade de Educação a Distância – EaD, com carga horária de 120 horas, durante um período de 03 meses, para 15.000 conselheiros municipais e líderes comunitários de todo o Brasil, com o intuito de fortalecer a atuação em rede para a prevenção da violência e da criminalidade relacionadas ao uso indevido de drogas.
O curso é gratuito e oferece certificado de extensão universitária emitido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Poderão participar Conselheiros atuantes nos Conselhos Municipais de Segurança, Sobre Drogas, Tutelar, Direitos da Criança e do Adolescente, Educação, Saúde, Assistência Social, Conselhos Escolares, Juventude, Idoso e Trabalho, Conselho de Segurança Comunitária e Líderes Comunitários atuantes em ações de prevenção ao uso de álcool e outras drogas. 
O conteúdo do curso foi elaborado por especialistas da área e reúne informações atualizadas sobre: classificação das drogas e seus efeitos, padrões de consumo de drogas, tratamento, redução de danos, prevenção ao uso de drogas, legislações e políticas públicas correlatas à questão do uso de drogas, dentre outros assuntos. Para obter mais informações e realizar sua inscrição, acesse o portal: www.conselheiros.senad.gov.br

Após o processo de triagem dos inscritos, os alunos selecionados receberão uma mensagem eletrônica da Universidade solicitando que eles efetivem a sua matrícula e comunicando outras orientações sobre o curso. Clique aqui para fazer sua inscrição
Bons Estudos!

Inscrições abertas para o vestibular da UAB-UnB 2010

4 de outubro de 2010


O Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB) da Universidade de Brasília (UnB) abriu hoje (04/10) as inscrições para o vestibular dos cursos de licenciatura em Artes Visuais, Música, Teatro, Pedagogia, Letras, Educação Física, Geografia e Biologia. São mil cento e cinco (1.105) vagas distribuídas em sete (7) estados, incluindo o Goiás. As cidades do Goiás contempladas com os cursos são: Anápolis (Música – 25 vagas), Alexânia (Pedagogia – 75 vagas), Goiás (Geografia – 40 vagas; Pedagogia – 75 vagas) e Posse (Artes Visuais – 25 vagas). Outra localidade mais próxima do Distrito Federal é Palmas-TO, com 25 vagas para Artes Visuais, 25 vagas para Teatro e 40 vagas para Geografia. É importante salientar que os cursos prevêem momentos presenciais, onde serão realizados os encontros e avaliações obrigatórias.
Para concorrer a uma das vagas é preciso fazer a inscrição no vestibular pelo CESPE até 21 de outubro, pagar a taxa no valor de R$ 50,00 e realizar o exame, que está previsto para 18 de dezembro de 2010 com duração de 4h30min.
Mais informações podem ser encontradas no site do CESPE e no Portal UAB/UnB.

Quer participar do ENUDS?

2 de outubro de 2010


Entre os dias 08 a 12 de outubro de 2010, ocorrerá o 8º Encontro Nacional da Diversidade Sexual (ENUDS) na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Trata-se de um evento de caráter político-acadêmico em torno da discussão sobre gênero e sexualidades que objetiva reunir o meio acadêmico, movimentos sociais, lideranças governamentais e outros(as) interessados(as) nessas temáticas. O tema do 8º ENUDS é "Assimilação versus Transformação: políticas da subversão e ciladas dos movimentos sociais".
Uma caravana, composta por dois ônibus, organizada por universitários(as) da Universidade de Brasília (UnB), sairá na quinta-feira a noite (07/10/2010) rumo ao ENUDS. Devido a desistência de muitos(as) interessados(as), ainda restam aproximadamento 25 vagas gratuitas no ônibus para quem quiser participar do evento. Para confirmar a vaga no ônibus, basta fazer a inscrição no evento, que consiste em realizar o pagamento da taxa de inscrição (no valor de R$ 90,00 para programação, alojamento e alimentação – há outras opções), preencher a ficha de inscrição online que pode ser acessada aqui e enviar a fotocópia do comprovante para o Sr. Nilton Aguilar nos seguintes e-mails: nilton.mac@googlemail.com ou nilton.mac@gmail.com
Além disso, no e-mail os(as) interessados(as) devem enviar, junto com o comprovante de pagamento, seu nome completo (conforme documento), CPF, RG com o órgão expedidor, número de matrícula (caso seja aluna/o da UnB), qual o curso faz (caso não seja aluna/o da UnB, informe onde estuda) e telefone para contato. Ao enviar a fotocópia do comprovante, cadastrem o CPF nessa lista. Recomenda-se realizar a inscrição o mais rápido possível porque  a confirmação da vaga será por ordem de chegada dos e-mails. Para saber se ainda há vagas, clique aqui: http://tinyurl.com/enudsbus
Não esqueçam também que é necessário apresentar o comprovante de pagamento da inscrição no ato do credenciamento lá na Unicamp. 
Para saber mais sobre a programação do ENUDS e informações importantes como, por exemplo, realizar a inscrição, consulte o site do Grupo Identidade ou o Blog do 8º ENUDS ou acompanhe no Twitter @enuds.
Informações sobre o ônibus também pode ser consultadas com o Sr. Nilton Aguilar no seguinte telefone: (61) 9325-7100. 

Estarei no ENUDS! Irei na Caravana! Sairemos na quinta-feira, às 22h, do ICC Norte (UnB) e retornaremos às 19h do dia 12/10, chegando em Brasília às 7h do dia 13/10. Vamos que vamos!
Matéria publicada no site Gay 1

Re-significando minhas experiências no Censo - IBGE 2010

14 de setembro de 2010


O IBGE é uma aventura emocionante! Consegui cumprir o setor em um mês. Ficaram doze casas fechadas, o que corresponde a 5% do total de domicílios e estabelecimentos que registrei. Nos últimos dias, tentando encontrar os moradores que não estavam em casa, vivenciei fatos engraçados e fortes emoções. Além disso, pude significar mais as vivências que tive enquanto estava em campo. Ainda não acabou. Tenho mais um setor a percorrer, mas esse é composto mais de estabelecimentos que domicílios. Como gosto da discussão de raça/etnia, classe social, sexualidade e gênero, é nesses pontos que centrarei essa postagem. 
Infelizmente, o IBGE não discute a questão dos casais homossexuais (sexualidade), de gênero, da questão de cor e raça, da questão de renda (classe social), da escolaridade, da geração, embora sejam perguntas feitas à população. De qualquer forma, acredito que os dados (resultados) obtidos pelo Censo devem ser sempre usados e mencionados sem esquecer da sua relatividade e precariedade. Como disse antes, a maioria dessas questões deixa os entrevistados “sem jeito”, quando não mostram vergonha, fingem, mentem, escondem, ou também demonstram preconceitos, discriminações, desvalorizações. 
Na postagem anterior sobre o IBGE, comentei que mesmo depois de você dizer as opções de cor ou raça (branca, preta, amarela, parda e indígena) as pessoas insistem em dizer “morena”. Quando não é “morena clara”, “morena escura”, “clarinha”, “da sua cor”, “essa cor aqui”. A pergunta “você está querendo contar quantos “negões” há na Ceilândia?”, enunciada por uma moradora, demostra a insensibilidade com a questão de raça/etnia. Dessas situações podem concluir algumas coisas. A dificuldade da população de se definir em termos raciais, a presença do mito da democracia racial, o racismo e a questão do branqueamento. O branqueamento, segundo Thomas E. Skidmore, retirado na Wikipédia, baseia-se na presunção da superioridade branca. Essa corrente vê na miscigenação a saída para tornar a população mais clara, por acreditar que o “gene” da raça branca prevaleceria sobre as demais e que as pessoas em geral procurariam por parceiros mais claros do que elas. Assim afirmavam que o branqueamento produziria uma população mestiça sadia, capaz de tornar-se sempre mais branca, tanto cultural como fisicamente.
Outra questão interessante é que encontrei mais dois casais homossexuais, no mesmo bloco onde encontrei o primeiro. Em que se pese a ideia magnifica da campanha “Ser você for LGBT, diga que é” promovida pela ABGLT e adotada por outros grupos e pessoas, parece que nem todos(as) entenderam o objetivo do Censo em relação a essa questão, mas também parece que a campanha não chegou a os lugares e pessoas que mais precisam da informação. Primeiramente, nesses dias, ocorreu um fato interessante no Twitter. Um dos meus seguidores fez questão de dizer ao recenseador que era homossexual, demonstrando que não sabia os reais propósitos do Censo, que não é pesquisar orientação sexual (homo, bi ou hetero), mas saber quem vive em união consensual ou estável com parceiros(as) do mesmo sexo. Outro fato é que os dois últimos casais homossexuais que entrevistei, aqui na Ceilândia-DF, considerado apenas um dos parceiros, omitiram sua relação afetiva e sexual. Um disse que viviam com o “amigo” e o outro “inventou”, inclusive, que vivia com a “tia”. Essas questões também demonstram outros processos culturais que vivemos. Um deles é a homofobia internalizada, o silenciamento da homossexualidade pela invisibilidade do armário e a crença na discriminação sexual a partir da sua publicitação. 
A questão de classe social é outra igualdade interessante de observar. Poucas pessoas dizem a verdade em relação ao rendimento mensal que ganham. Muitas pessoas evitam dizer seu rendimento porque acreditam que a receita federal ou os políticos podem “controlar” mais a suas vidas financeiras, o que não deixa de ser verdade, a meu ver, por um lado. Muitas pessoas também podem ter receios de afirmar sua renda pensando na possibilidade de serem roubadas (não duvido). Essa questão de rendimento, pelo menos aqui em meu setor, varia muito e só sei que afirmar que a maioria dos moradores do meu setor, embora seja uma cidade periférica e que precisa de investimentos, não são “desfavorecidos economicamente”.
Por fim, atendendo aos pedidos, posto algumas fotos minhas uniformizado com o colete, boné e PDA do Censo. Aliás, eu queria mesmo tirar uma foto para deixar guardada. (Desculpa barata para me mostrar!)
 

Referências: Democracia racial no Brasil. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia_racial_no_Brasil