Feedback é uma palavra inglesa
composta pelos radicais feed
(alimentar) e back (voltar), gerando
a expressão realimentar ou retroalimentação. A palavra é utilizada em diversas
áreas do conhecimento, como Administração, Engenharia, Psicologia e Educação. Na
educação, um exemplo de feedback é o/a professor/a explicar a
matéria e perguntar para o/a estudante o que entendeu, ou seja, o/a professor/a
estaria recebendo um retorno por parte do/a aluno/a daquilo que ensinou. Outro
exemplo é quando o/a professor/a emite um comentário sobre uma atividade que o/a
estudante fez, buscando apontar se atendeu aos objetivos da atividade ou se ainda
precisa avançar em alguns aspectos, seja na compreensão do conteúdo, na
formatação do texto e na exposição de suas ideias.
No âmbito das relações interpessoais, lidamos com o feedback a todo momento, ora para expressar
algo que gostamos ora para expressar algo que não gostamos. Entretanto, quando
falamos em feedback na área de educação
é importante compreender que ele não se resume a essa simples questão de gostar
ou não. O feedback na área de educacional
está relacionado com a avaliação formativa. De acordo com Kraemer(2005), a avaliação formativa representa o principal meio através do qual o/a estudante
passa a conhecer seus erros e acertos, e assim
encontra maior estímulo para um estudo sistemático dos conteúdos. Por ser uma
estratégia de avaliação formativa, torna-se
importante saber dar feedback ao aluno/a, tanto como forma dele saber como está seu desenvolvimento
e aprendizagem, quanto como modo de apontar aprendizagens que precisam ser
desenvolvidas.
Com base nessas considerações
iniciais, buscarei refletir sobre o feedback na área de educação,
especialmente, no campo da educação a distância. A Educação a Distância (EAD) é uma modalidade de
educação mediada pelo uso de tecnologias da informação e da comunicação, em que
nem sempre o “aluno” e o “professor” ocupam
o mesmo espaço e se comunicam no mesmo tempo. Nesse sentido, fazer feedback no processo de aprendizagem é uma prática que envolve desafios, cuidados e possibilidades. Pela própria natureza da comunicação online,
em que nem sempre é possível identificar as intenções e sentidos em uma
mensagem escrita, torna-se fundamental desenvolver uma comunicação modelada,
que evite palavras dúbias, seja objetiva e construtiva. Como diz Mill, Abreu e
Lima e Lima (2008), nos processos de aprendizagem online “a palavra escrita passa a ter novo valor”. Assim,
além de prezar pelas normas gramaticais, é fundamental que o feedback seja cordial, lembrando que não
se trata de menosprezar a atividade do aluno, mas de conforme afirmam Mill, Abreu e Lima e Lima (2008), “mostrar ao estudante se ele está no caminho
certo ou nao”.
Ainda sobre os cuidados, a comunicação, por meio do
feedback, exige levar em conta que o
aluno é um adulto, não um ser
incapaz, como relata a professora Denise de Abreu e Lima no vídeo abaixo. Ao conceber
o aluno como um adulto, deve-se evitar reproduzir as relações que geralmente
prevalencem nos processos de aprendizagem presenciais. Ao considerar o aluno
como uma pessoa capaz de construir seus conhecimentos, de se superar, é
importante estabelecer uma comunicação que valorize a participação e aponte, de
forma sutil, os pontos que ainda precisam ser aprofundados. É isso que algumas
pesquisadoras, dentre elas a professora Denise de Abreu e Lima tem chamado de “comunicação
modelada”, ou seja, a importância de não ser omisso quanto os resultados
apresentados, mas ao mesmo tempo não fazer juízos que simplesmente apontem o “erro”
e não dê oportunidade da pessoa refletir sobre o que precisa melhorar para
avançar na aprendizagem. Portanto, uma comunicação modelada e respeitosa é um
dos cuidados.
Há
inúmeros desafios na prática do feedback, e levar em consideração os cuidados supracitados
é uma forma de superar alguns deles. Um desafio da tutoria online e do feedback é responder ao cursista sempre em tempo ágil. De acordo
com as atribuições do Tutor do Sistema UAB/CAPES, o profissional selecionado para realizar a
tutoria Tutor deve manter regularidade de
acesso ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e responder às solicitações dos alunos no prazo máximo de 24 horas. Nesse sentido, o feedback deve ser dado rapidamente, visto
que os conteúdos e as atividades programadas de um determinado tópico geralmente
ocorrem no prazo de uma semana. No caso do feedback
das atividades, também é fundamental que seja feito assim que o cursista
encaminhe a atividade pelo recurso específico, pois assim é possível realizar
uma pré-correção e avisar o cursista, caso seja necessário, que necessita
refazer determinado aspecto e enviar novamente a atividade para que atenda aos
objetivos traçados.
Com relação as possibilidades do feedback, geralmente, conforme comentam Mill, Abreu e Lima e Lima (2008), “os educandos reagem favoravelmente ao contato frequente e ao feedback dos tutores, especialmente em estagios iniciais das atividades sugeridas no ambiente virtual” (p. 123). Assim, o feedback tem o potencial de incentivar a reflexão por parte do
cursista de seu próprio processo de aprendizagem, além de motivá-lo a superar
as suas próprias dificuldades. É por meio do feedback que se pode alertar ao aluno se os objetivos estão sendo
cumpridos ou se há competências que necessitam ser aprendidas. Portanto, o
feedback, se bem utilizado, trás como possibilidade o desenvolvimento da
aprendizagem.
Para finalizar,
é importanter compreender que o feedback
não deve ser confundido com crítica. Para Ferreira (2007), o feedback é “um processo de ajuda mútua para mudanças
de comportamento, por meio da comunicação verbalizada ou não entre duas pessoas
ou entre pessoa e grupo, no sentido de passar informações, sem julgamento de
valor, referentes a como sua atuação afeta ou é percebida pelo outro e vice e
versa”. A crítica, ao contrário do feedback,
“é um processo de comunicação verbalizada ou não, entre duas pessoas ou entre
pessoa e grupo com o objetivo de passar nossos valores de certo e errado,
geralmente traz consigo a intenção de
acusar, julgar e condenar e, não raro, com intensa carga emocional dos
interlocutores”. Em síntese, feedback
é uma resposta, ou seja, a emissão de alguma mensagem que venha ajudar o/a
aluno/a.
No vídeo
abaixo, a professora doutora Denise de Paula Martins de Abreu e Lima,
professora na UFSCar, coordenadora adjunta da UAB-UFSCar e doutora em
Linguística Aplicada pela Unicamp fala sobre as interações interpessoais no
ambiente online e as formas ideais de se fazer feedback no processo de
aprendizagem online.
REFERÊNCIA
MILL, Daniel; ABREU-E-LIMA, Denise;
LIMA, Valéria Sperduti. O desafio de uma interação de qualidade na educação a distância:
o tutor e sua importância nesse processo. In: Cadernos
da Pedagogia, Ano 02,
Volume 02, Número 04, agosto/dezembro, 2008.
KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. A avaliação da aprendizagem como processo
construtivo de um novo fazer. Avaliação (Campinas) [online]. 2005, vol.10,
n.02, pp. 137-147.
FERREIRA,
Jansen de Queiroz. Feedback
para desenvolver equipes produtivas. Disponível em: <http://carreiras.empregos.com.br/comunidades/rh/artigos/091104-feedback_equipes.shtm>.
Acesso em: 10 maio 2007.
2 comentários:
Cleverson,
Adorei o texto. Vou sugerir a leitura nos cursos que estou atuando com o tutor.
Uma coisa que eu acho muito importante na atuação do tutor, principalmente com relação ao feedback, é a construção de uma educação afetiva.
Para isto é fundamental conhecer o cursista e saber com cada um vê o mundo. Uma relação de alteridade. Respeitando o outro.
Oi Marcelo!
Muito bom contar com seu comentário!
Também acredito nisso que você fala.
Sua contribuição foi fundamental!
Um abraço,
Cleverson
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