Eu sou fã de Lady Gaga

24 de junho de 2011

Nunca imaginei que um dia diria que eu era fã de algum/a artista. Contudo, Lady Gaga mudou minha opinião. Desde o som da primeira música que escutei, desde a primeira imagem que vi dela, já achei surpreendente. Talvez esse seu jeito subversivo que quebra os limites da normalidade é o que chama mais minha atenção. Fora que ela ainda faz uma politização da sexualidade, bullying, auto-estima, etc. Acostumei dizer que Lady Gaga é do meu tempo. Tempo cronológico e tempo interior. Sou fã, mas não fanático. Pelo visto, Lady Gaga veio para confundir, para não ser entendida, para quebrar alguns tabus, para questionar alguns limites, para mostrar o quanto investimos nos nossos corpos para que representem uma identidade singular. Lady Gaga é o emblema de um contexto cultural marcado por inúmeras transformações sociais, por questionamentos, por ousadia e indisciplina. Por tudo isso, gosto de Lady Gaga. Ela é estranha. Eu gosto de estranhos. Ela é performática. Eu gosto de performáticos. Ela é fictícia. Eu gosto de irrealidades. Como diz Adriana Calcanhoto, "Eu não gosto do bom gosto. Eu não gosto de bom senso. Eu não gosto dos bons modos. Não gosto". Curtam as últimas que ela aprontou em entrevista ao programa do Paul O'Grady. 





















Peça teatral Medeia é um sucesso

20 de junho de 2011


No Sábado (18/06), fui assistir ao espetáculo Medeia, encenada por “Os Paquidermes Cia. de Teatro”. Gostei muito do figurino, da sonoplastia e da interpretação dos atores e atrizes. Um verdadeiro acontecimento. Medeia fica realmente como propõe a tragédia, entre “vítima” ou “culpada”. A peça é um reviver da tragédia e uma homenagem a essa obra de Eurípedes. Recomendo que vão assistir ao espetáculo sabendo mais a respeito da história. Uma dica é chegar mais cedo, sentar nos sofás do Teatro Mosaico e ler o folder para se inteirar. A peça é “pano para manga” e discussões depois, em qualquer barzinho ou em qualquer lugar. Saiba que a peça é gratuita. Eu fiz uma postagem sobre a história da peça e vocês podem acompanhar as próximas apresentações no Flyer


Mesa Redonda sobre o Material do Projeto Escola sem Homofobia

12 de junho de 2011


Na terça-feira, dia 14 de junho, às 19h, ocorrerá na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília uma Mesa Redonda sobre o material do Projeto Escola sem Homofobia.

O evento é organizado pelo Grupo de Pesquisa em Educação e Políticas Públicas: Gênero, Raça/Etnia e Juventude (GERAJU) e pelos/as alunos/as da Disciplina Gênero e Educação, do Curso de Pedagogia. 

A proposta é assistir aos vídeos e abrir um debate com especialistas sobre o material, considerando o contexto político em que vivemos, onde o chamado “kit gay” foi vetado pela presidenta Dilma, após mobilização da bancada cristã. 

Viagem a Goiás

11 de junho de 2011

Deixe-me contar sobre minha última viagem. Comecei a escrever, mas depois desistir. Nem sei por quê. Finalmente, viajei pela UAB/UnB. Fui a trabalho, conhecer os/as alunos/as do 5º semestre do Curso de Licenciatura em Geografia do Polo de Goiás e fazer uma atividade com eles/as pela disciplina Fundamentos de Didática em Geografia, a qual sou tutor a distância atualmente. 

Casa da Cora
A viagem, claro, além do trabalho, foi uma oportunidade de conhecer Goiás-GO e sentir o “ventinho” da cidadezinha do interior (como dizia uma colega tutora que foi comigo). Achei o Sítio Histórico uma graça. Visivelmente revitalizado e preservado. Fui conhecer a casa onde morou Cora Coralina. Muito tocante, sem dúvidas, principalmente com as histórias que a Guia de Turismo vai lhe revelando no trajeto, especialmente, quando aponta para a escada onde Cora caiu e quebrou o fêmur.  
Coreto

Mesmo tendo passado cerca de 7 hora de Brasília a Goiás, de ônibus, foi gratificante. Além dos/as alunos/as, também ficarão boas recordações do lugar.



Igreja do Rosário

Lindo demais
Coração é terra que ninguém vê.

-- Cora Coralina




Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos

-- Cora Coralina



Poeta, não é somente o que escreve.
É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso.

-- Cora Coralina
Rio Vermelho




"Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo."

-- (Cora Coralina)

Peça Medeia de graça

2 de junho de 2011


Foto: Daniel Fama

Para quem curte teatro, não pode perder esse espetáculo!

Da obra de Eurípedes, Medeia foi encenada pela primeira vez em 431 a.C, obtendo naquela ocasião o terceiro lugar no famoso concurso teatral das Grandes Dionísias, em Atenas. Numa época em que o Teatro era um dos principais responsáveis pela formação moral, ética e intelectual do homem grego. Os textos teatrais baseavam-se nos mitos daquele tempo para apontar problemas socioeconômicos, culturais e políticos, em particular do cotidiano do povo ateniense, “centro do mundo, até então”, na intenção de levantar discussões favoráveis ao desenvolvimento cívico, religioso, humano etc. de seus patriotas-espectadores.


Tendo por base o mito grego, A saga de Medeia narra a vingança da destemida Medeia contra o esposo, Jasão, depois que ele a rejeita para se casar com a filha (princesa Glauce) do rei de Corinto, Creonte. Movida por emoção, paixão e orgulho ferido, Medeia decide fazer “justiça” com as próprias mãos para fazer Jasão sofrer tanto quanto ela está sofrendo; para isso, mata os próprios filhos e foge para Atenas, onde o Rei Egeu lhe ofereceu abrigo e proteção. 

Montagem encenada por “Os Paquidermes Cia. de Teatro”, a ideia é de levantar para plateia a mesma questão do autor, só que por outro ângulo: Medeia é vítima ou culpada? Medeia ama ou odeia? Etc. Já que para Jasão, todo o seu “feito” foi para aproveitar "uma oportunidade única" (de cunho político) que se lhe apresentava na vida naquele momento.

A peça, que tem duração de 50 minutos, se passa na entrada da casa de Medeia, o que fez com que a direção optasse por não usar cenário, deixando tudo para o imaginário do espectador, de modo a fazer que a plateia não desprenda a atenção da interpretação dos dez atores que representam os personagens da estória: quatro no Coro, uma Corifeia, Medeia, Jasão, Creonte, Ama e Tutor.

Sob a direção e adaptação de Júlio Cruccioli, o enredo do mito dessa tragédia grega nunca perdeu seu curso na história da humanidade e jamais deixará de ser atual, como se vê, por exemplo, em tantos noticiários de mães, amantes ou pais que matam os próprios filhos ou os de terceiros para atingir a moral e os sentimentos de seus pares. Daí, ainda hoje, como toda grande metáfora, infinitas interpretações e analogias podem ser feitas, partindo do princípio de pôr em pauta a questão levantada por Eurípides: “Quem começou essa espiral de horrores, Medeia ou Jasão? Só os deuses sabem.”

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Medeia foi uma mulher subversiva e, decerto, o drama também. Como dito, há diversas representações de Medeia ao longo de sua história, desde mostra, louca até uma mulher bastante consciente e corajosa. Passada na Grécia, em uma época em que as mulheres eram submissas, educadas para serem esposas virtuosas e para terem filhos, Medeia talvez desafie essa “educação grega”. O fato é que Medeia ainda traz questionamentos, entre outros, sobre a “natureza” feminina e a maternidade: há natureza feminina? Todas as mulheres são iguais? A maternidade é um “destino”? Há “instinto” materno?

Medeia nos convida a sair do “imobilismo” e começar a agir e pensar sobre os valores da nossa sociedade e nossos próprios sentimentos. É uma peça que não se limita ao lugar e ao tempo em que foi criada, pois podemos fazer contextualizações com a nossa própria vida social. Para mim, é fascinante a questão da representação de Medeia, como uma mulher questionadora das relações sociais desiguais entre homens e mulheres daquela época (ou ainda da nossa?) e o “fardo” que elas carregam dessas relações.  

“… multiplico essa má sorte. Para uns eu sei demais e por isso me odeiam, outros não me entendem e me acham fechada, e para outros sou exatamente o oposto…” (Medeia)

Diante disso, vale a pena assistir ao espetáculo para tirar as próprias conclusões. 

Espero vocês por lá! 

Veja dias e horários no flyer!           

Kit-Polêmica

30 de maio de 2011

O ESTADO DE SÃO PAULO
Caderno Aliás, página J8

São Paulo, BR - domingo, 29 de maio de 2011

O verdadeiro material didático do MEC de combate à homofobia tem um objetivo claro: sensibilizar professores e estudantes de escolas de ensino médio para mudanças de mentalidade, diz pesquisadora

DEBORA DINIZ

A história ainda é nebulosa. Parece um daqueles eventos políticos em que os fatos são piores que os rumores. O teatro público foi o seguinte: o Ministério da Educação anunciou a distribuição de material didático de combate à homofobia nas escolas de ensino médio; um grupo de parlamentares evangélicos reagiu ao que foi descrito como kit gay e pressionou o governo contra a iniciativa; a presidente anunciou o veto ao material didático do MEC. As breves palavras da presidente sobre o ocorrido se resumiram a não vai ser permitido a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais. O difícil de entender é como o material didático de combate à discriminação serviu reduzido à propaganda de opções sexuais.

Não arrisco dizer que essa foi a primeira grande polêmica do governo Dilma, mas pressinto uma atualização da patrulha moralista que a perseguiu durante a campanha presidencial. O primeiro capítulo desse teatro parece ser o único a sobreviver como relato oficial da história. O MEC produziu um material didático para a sensibilização e o combate à homofobia nas escolas de ensino médio. O diagnóstico do MEC é simples: a homofobia mata, persegue e violenta aqueles que estão fora da norma heterossexista de classificação das sexualidades. Um adolescente gay tem medo de ir à escola e ser discriminado. Há histórias de abandono escolar e de suicídio. Uma das personagens do vídeo original do MEC se chama Bianca, uma travesti que sai do armário ainda no período escolar. Seu primeiro ato de rebeldia foi pintar as unhas dever melhor e ir à escola. A ousadia rendeu-lhe um ano de silêncio familiar. 

Ainda não entendo a controvérsia em torno desse material. O puritanismo que crê ser possível falar de sexo e sexualidades sem exibir práticas e performances foi respeitado pelo material do MEC. Bianca é uma voz desencarnada em um vídeo sem movimento. Não vemos Bianca em ação, conhecemos apenas o seu rosto. Só sabemos que Bianca existe, quer ir à escola e sonha em ser professora. Ela insiste que para ser professora precisa ir à escola. Mas ela depende da autorização dos homens homofóbicos de sua sala de aula, que ameaçam agredi-la. Bianca agradece às suas professoras e colegas que a reconhecem como uma estudante igual às outras. Sozinha, a escola pode ser um espaço aterrorizante.

O segundo capítulo da história é mais difícil de acreditar. Grupos evangélicos teriam substituído a história de Bianca por um vídeo vulgar, uma fraude grotesca cometida por quem não suporta a igualdade sexual. Em audiência com a presidente, teriam entregado o vídeo e, ao que se conta, aproveitado a ocasião para conversar sobre a crise política que ronda o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.

Entre as peripécias de Palocci, as travestis em ato sexual e o fantasma da homossexualidade, a reação da presidente foi suspender o material didático do MEC. O surpreendente não está no uso de mentiras para a criação de fatos políticos, mas na proeza de os grupos evangélicos terem conseguido convencer a presidente de que sua equipe de governo do MEC seria tão medíocre na seleção de material didático para as escolas públicas.

Se a presidente assistiu aos vídeos reais ou aos fraudulentos, não importa. O fato é que foi anunciado o veto ao material didático do MEC uma vitória para os conservadores, que não sossegam desde que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a igualdade sexual em matéria de família. Mas há uma injustiça covarde nessa decisão. O tema do material era a homofobia, algo diferente de propaganda de opções sexuais. Na verdade, jamais assisti a um vídeo de propaganda de algo tão íntimo e da esfera da privacidade quanto a opção ou o desejo sexual consentido. Homofobia é um crime contra a igualdade, viola o direito ao igual reconhecimento, impede o pleno desenvolvimento de um adolescente. Homofobia é o que faz Bianca ter medo de ir à escola.

O verdadeiro material do MEC tem um objetivo claro: sensibilizar professoras e estudantes para a mudança de mentalidades. Uma sociedade igualitária não discrimina os fora da norma heterossexista e reconhece Bianca como uma adolescente com direitos iguais aos de suas colegas. Mas, diferentemente do fantasma conservador, a mudança de mentalidades não prevê uma subversão da ordem sexual os adolescentes não serão seduzidos por propagandas sexuais a abandonarem a heterossexualidade. A verdade é que o material do MEC não revoluciona a soberania da moral heterossexista, mas contesta a falsa presunção de que a homofobia é um direito de livre expressão. Homofobia é um crime contra a igualdade sexual.

DEBORA DINIZ É PROFESSORA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA E PESQUISADORA DA ANIS INSTITUTO DE BIOÉTICA, DIREITOS HUMANOS E GÊNERO

Fonte: O Estado de S. Paulo
Disponível em: Site Anis

Curso Educação para a Igualdade Étnico-Racial no DF

9 de maio de 2011

A Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação (EAPE) do Distrito Federal iniciou hoje as inscrições para o Curso "Educação para a Igualdade Étnico-Racial no DF", com carga horária total de 60 horas. As inscrições vão do dia 09/05 até 17/05.

O curso é semipresencial, contando com 12 horas presenciais e 48 horas pela plataforma moodle. O curso está programado para ocorrer de 19 de maio até 01 de setembro. O inicio do curso será dia 19 de maio no Espaço Afrobrasilidade na EAPE - SGAS 907 conjunto A (antiga Escola Normal). 

Informações e inscrições, acesse:  http://www.eape.se.df.gov.br/